«Uma forma de o medíocre convencido imitar a grandeza é não dizer mal de ninguém.»

Vergílio Ferreira (1919 - 1996)


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15 de dezembro de 2009

Sobre o projecto Gutenberg e os "e-books"

Sim. Eu tenho muitas dúvidas. Em primeiro lugar, é um "fenómeno" muito localizado. Em segundo lugar, não representa de modo algum um "fabuloso avanço para a Humanidade" - como dizem alguns analfabetos na sua linguagem eufórica - não é claro que assim seja. O cume de toda esta parafernália de declarações extasiadas ainda não foi avistado, pois ainda não se viram ecologistas a hastear a bandeira das árvores derrubadas pelo papel para os livros. Não há-de faltar muito.

Eu, pessoalmente, encaro com naturalidade esta história do e-book: é um gadget como qualquer outro, e que será comprado por quem "é muito à frente". Tudo bem. Agora, advogar que esta merdinha vai substituir o livro é hediondo, senão mesmo delirante: estamos a falar de milhões de obras, de incontáveis folhas, de obras-primas, de desgraças, de pequenos contos, de intermináveis romances...

Até agora só ouvi uma pessoa a comparar este "fenómeno" ao da máquina fotográfica digital vs. analógica, ao do DVD vs. VHS; valha-nos o pingo de sanidade da maioria...

Argumenta-se que este (e não só este) será o derradeiro passo para a democratização da leitura e das obras. Pois eu a estes respondo: vão-se foder, comecem por baixar o preço dos livros. Enfiem as "Bibliotecas Digitais" por onde reinam as trevas...

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