«Uma forma de o medíocre convencido imitar a grandeza é não dizer mal de ninguém.»

Vergílio Ferreira (1919 - 1996)


Pinceladas

10 de dezembro de 2009

Partida

Nesta noite em que vos escrevemos isto, morrem crianças em África e suicidam-se suecos por falta de electrodomésticos da Bang & Olufsen, Sócrates dorme tranquilamente enquanto o país se afunda e o resto da classe política portuguesa acompanha-o no mundo dos sonhos, o Cristiano Ronaldo liga para uma linha erótica e a Academia Sueca termina a lista dos nóbeis para os próximos dez anos, a cultura portuguesa continua a criar peixes de água quente em aquários de água fria e peixes de água fria em aquários de água quente, descobre-se a cura para a "micose bubónica" e os extraterrestres desinteressam-se pela Terra - acham que os recursos que vão perder para a tomar não serão compensados pelos que conseguirão -, a Margarida Rebelo Pinto escreve o último parágrafo do seu quadragésimo romance sobre mulheres na casa dos quarenta e João Pereira Coutinho acaba - finalmente - de dar lustro à sua testa imensa e cristalina. Mas nada disso interessa, porque nesta noite de Dezembro do ano de Nosso Senhor de 2009 nascem os Bastonários do Pincel.

Certamente estarão a pensar que será mais um espaço de trampa intelectual e de opinanço em série. Têm razão. Mas acima de tudo e de todos, e por cima de tudo e de todos, será um espaço de plena liberdade. Tudo aqui será admitido. Não somos pela anarquia, mas roça-mo-la, assim como nos roçamos em si sem se dar conta enquanto lê isto.

Aventura-mo-nos pelo el dorado que se encontra entre a liberdade e o absurdo, entre a permiscuidade e a plena emancipação carnal, entre a traição e o egoísmo, entre a merda e o divino. Precisamos da vossa ajuda. Quase... Estou a brincar, não precisamos nada. Queremos que se fodam. Queremos ressuscitar mortos. (Não, não vos pedirei que votem em nós, e nem para isso terão oportunidade). Usufruam deste pincel de prata e pêlos de cauda de unicórnio que vos damos para a mão. É um presente nosso, dos deuses gregos, dos deuses egípcios, dos deuses celtas, do Sade, do Pacheco, do Miller, do Hemingway, do Amado.

Trataremos em conjunto da cultura, da actualidade, dos outros, dos problemas de imaginação de que sofremos quotidianamente, e de toda a casta de seres humanos qualificados, rotulados e estruturados em milhões de categorias, de todas as cores, gostos, sabores, tamanhos, crenças, lacunas, e de tudo o resto que nos e vos aprouver. Agora e para todo o sempre.

Ámen.

Bill e Rolim Beltrão

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